A Subprefeitura Sé administra oito distritos localizados na região central da cidade de São Paulo. Juntos, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, República, Liberdade, Cambuci e Sé, somam 26,2 km² e uma população residente de aproximadamente 450 mil habitantes.
Responsável por trabalhos de zeladoria, reformas, obras de melhoria, bem como fiscalização e cumprimento das leis, a subprefeitura tem à frente Marcelo Vieira Salles. Coronel da reserva da Polícia Militar, ele tem utilizado todo o conhecimento da cidade de São Paulo para revitalizar o centro, atrair empresas e movimentar a economia da região.
Durante visita à Mango Tree, um coworking na República, Coronel Salles lembrou das oportunidades que o Centro de São Paulo oferece e contou como tem trabalhado no um ano e meio como Subprefeito da Sé.
“O centro de São Paulo tem uma série de oportunidades, com transportes nos vários modais, uma comunidade interessante formada por muitos jovens… Temos vários projetos na região e estamos sempre dialogando, afinal a melhoria da cidade passa pelo diálogo com a sociedade civil, sindicatos patronais, associações, segmentos”, afirma.
Confira a entrevista com o Coronel Salles e conheça melhor o trabalho que está sendo realizado pela Subprefeitura Sé
Mango Tree: A região do centro de São Paulo tem grande potencial para voltar a ser um grande centro empresarial, como a Faria Lima ou a Berrini. Quais trabalhos têm sido realizados para revitalização da região e atração de empresas?
Coronel Salles: “O trabalho está no DNA dos brasileiros de São Paulo. O centro não é diferente, foi onde começou tudo. Nós temos estações de metrô, linhas e terminais de ônibus, calçadões. Os prédios que antigamente eram utilizados para agências bancárias podem sediar universidades, empresas de coworking, de prestação de serviços. Agora com a aprovação do retrofit, podemos transformar esses edifícios antigos para moradia, o que é uma tendência mundial. O trabalho é, a partir de elisão fiscal, diminuição do IPTU, estimular comerciantes e pessoas que querem empreender. Em paralelo, no triângulo histórico, está aprovada a licitação para obras de troca do calçamento, para disciplinar todo o piso, organizar onde vai a água, a rede de telefonia, a rede elétrica, para melhorar a aparência, a mobilidade e a prestação de serviço. O mesmo vai acontecer no centro novo. A região só vai ter força e vigor com o movimento, então há todo um interesse da prefeitura em incentivar essa boa ocupação do centro.”
Leia também: 7 aprendizados de empreendedores do centro de São Paulo
Mango Tree: A Subprefeitura Sé realiza regularmente ações como zeladoria, limpeza de córregos e obras de manutenção. Além de investir em jardins de chuva, praças e parques. Qual a importância disso para a região?
Coronel Salles: “É um desafio gigantesco, um trabalho hercúleo. Na área da Subprefeitura Sé moram 450 mil pessoas, é quase a população de Sorocaba. A população flutuante é de 2 milhões. O movimento do centro é de quase duas Campinas todos os dias. Dando descarga, utilizando lixeira, comprando nos comércios… Isso impõe uma série de tarefas diuturnas de manutenção de sarjetas, galerias, praças. Um exemplo é a Rua 25 de Março, que é varrida 8 vezes por dia. Além da interação de outros órgãos de administração pública, porque, por exemplo, a iluminação pública não é minha responsabilidade, mas é fundamental, inclusive na prevenção primária do cometimento de crimes. Das 164 praças que temos na Sé, já reformamos 54 sem fazer nenhuma licitação nova, ou seja, com os recursos que já tínhamos. Trata-se de fazer mais, com menos e com qualidade. Sempre prestando contas, com transparência e capacidade de ouvir. Quem ouve mais erra menos e eu tenho a população do centro como nossos aliados.”
Mango Tree: Como a questão da segurança vem sendo trabalhada para que os cidadãos se sintam tranquilos ao andar pela região?
Coronel Salles: “As pessoas costumam confundir 3 coisas: segurança pública é uma coisa, polícia é outra, e violência é outra. A segurança pública é responsável por formular as macropolíticas públicas para que a gente consiga vencer o crime. A polícia possui ferramentas para combater o crime, seja na prevenção ou na repressão. Tudo que acontece no centro tem uma difusão gigantesca, porque a circulação é muito grande e tudo é filmado. Mas se você olhar os indicadores criminais nos 7 itens que São Paulo publica mensalmente, existem áreas que têm problemas maiores do que o do centro, mas aqui a difusão é muito grande. A prefeitura contribui com a guarda civil, além disso, aumentamos o valor da diária da operação delegada, temos PPP da iluminação que está trocando tudo por lâmpada de led. Uma boa iluminação é fundamental na diminuição dos crimes de oportunidade. Outra questão era a cracolândia, que hoje não existe mais. Essa é a primeira gestão que enfrenta este problema de maneira decisiva, não só com repressão policial, mas também acolhendo as pessoas. Estamos enfrentando o problema da drogadição em 4 eixos: segurança pública, ou seja, prender o traficante; saúde, cuidar das pessoas porque a dependência química é classificada como uma doença; acolhimento, o Projeto Reencontro tem 1400 vagas para acolher as pessoas em situação de rua; e inserção das pessoas na sociedade, seja de maneira lúdica, pela educação ou pelo trabalho.”
Mango Tree: Há algum trabalho sendo realizado em parceria com comerciantes e empresários da região?
Coronel Salles: “Tenho encontros com todas as associações e grupos de pessoas bem intencionadas. Um exemplo é o Pro Centro, que não possui fins lucrativos e apolítico, mas que faz um trabalho que traz para a gente a melhor informação. Foram dadas sugestões locais como o problema dos caminhões de entrega que não conseguiam parar na rua, e nós fizemos alguns bolsões junto com a companhia de engenharia de tráfego, que resolveu essa questão. Parece um trabalho simples, mas é de extrema importância. Além disso, há conselhos de segurança, o trabalho de vizinhança solidária, as associações. O administrador público tem o dever de ouvir as pessoas.”
Leia também: Por que as grandes empresas estão indo para coworkings?
Mango Tree: Na sua opinião, por que uma empresa deveria optar pelo centro de São Paulo para se instalar?
Coronel Salles: “Há todo um investimento e preocupação da prefeitura em estimular a melhora do centro, seja aumentando a operação delegada no que tange à segurança, aprimorando a conservação, a iluminação. Além de incentivos fiscais, é fundamental que as pessoas que dão emprego, que querem empreender, olhem para o centro de São Paulo. Por isso nós temos o PIU Central, o Retrofit e vários outros incentivos para a rede hoteleira, o turismo, os bares e restaurantes. Reformas do Vale do Anhangabaú, do Largo do Paissandu… e toda a ativação cultural e empresarial. Buscamos devolver a pujança que o centro sempre teve. O centro é um ótimo investimento para pessoas e empreendedores. Vamos fazer do centro de São Paulo um local de referência, como é hoje o centro de Nova Iorque. E já estamos conseguindo.”
Assista a entrevista com o Coronel Salles, responsável pela Subprefeitura da Sé, na íntegra: