A ansiedade é considerada por muitos “o mal do século”. Parte do dia a dia de milhares de pessoas, a condição torna-se cada vez mais intensa – e é isso que preocupa os especialistas. Apenas durante a pandemia de Covid-19, quando houve o afastamento social e o crescimento das incertezas, foi registrado um aumento de 26% de incidência da ansiedade como transtorno mental, de acordo com a OMS.
Reação natural do corpo diante de determinadas situações, a ansiedade pode tornar-se uma patologia capaz de afetar tanto a saúde mental quanto a saúde física. Tudo depende da intensidade e frequência com que ocorre. Em outras palavras, sentimentos de angústia e aflição são normais quando pontuais e motivadores de tomadas de decisões. Porém, quando em excesso, paralisam e prejudicam tarefas corriqueiras.
Essa ansiedade excessiva é realidade para 18,6 milhões de brasileiros, segundo dados da OMS de 2019. Trata-se de 9,6% da população que se sente insegura, não consegue relaxar por um só momento, e tem medo de tomar decisões, seja no trabalho seja na vida pessoal.
Entre os principais sintomas da ansiedade patológica estão:
- Insônia;
- Sensação de medo;
- Tensão muscular;
- Inquietação;
- Preocupações exageradas;
- Falta de controle sob pensamentos e atitudes.
Como afirma Augusto Cury, psiquiatra e autor do livro Ansiedade: como enfrentar o mal do século, “Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém pensar demais é uma bomba contra a saúde psíquica, o prazer de viver e a criatividade”. É por isso que as pessoas precisam, cada vez mais, entender o que é a ansiedade e saber lidar com ela.
Ansiedade é um produto da realidade
O avanço das tecnologias nos últimos anos tornou o mundo digital. Toda atividade cotidiana é realizada, pelo menos em alguma parte, de forma online. Para ir a uma reunião presencial, por exemplo, usa-se o aplicativo do Waze para chegar e um apresentação digital. O estresse é certo se qualquer um dos dois demorar para carregar.
A rapidez do digital permeou toda a sociedade, que está muito mais acelerada e perdendo a capacidade de parar para raciocinar. A quantidade de informações recebidas diariamente, nas redes sociais, por e-mail ou simplesmente navegando na internet, faz com que o cérebro humano esteja sempre trabalhando, mas incapaz de realmente processar os dados que importam. Tudo se torna superficial.
Soma-se a isso o tipo de informação desse “bombardeio”: pandemia, mundo em crise econômica, ambiental e política, polarização, guerra. O combo insegurança e pensamento acelerado culminam na ansiedade patológica.
“Vivemos numa sociedade urgente, rápida e ansiosa. Nunca as pessoas tiveram uma mente tão agitada e estressada. Paciência e tolerância a contrariedades estão se tornando artigos de luxo. Quando o computador demora para iniciar, não poucos se irritam. Quando as pessoas não se dedicam a atividades interessantes, elas facilmente se angustiam”, explica Augusto Cury ao introduzir o assunto ansiedade em seu livro.
“Raros são os que contemplam as flores nas praças ou se sentam para dialogar em suas varandas ou sacadas. Estamos na era da indústria e do entretenimento e, paradoxalmente, na era do tédio. É muito triste descobri que parte dos seres humanos de todas as nações não sabe ficar só, se interiorizar, refletir sobre as nuances da existência, se curtir, ter um autodiálogo”, completa.
O resultado é o pensamento acelerado que torna a ansiedade diária, transforma o prazer em algo raro e a insatisfação em algo comum. Com isso, a pessoa passa a ter dificuldade de gerenciar emoções e experiências, torna-se vulnerável e desenvolve uma série de transtornos psiquiátricos. Cria-se mais uma vítima da atual realidade.
Dicas para lidar com a ansiedade
Como, então, é possível lidar com a ansiedade de forma que ela permaneça no âmbito saudável, levando a tomada de decisões bem pensadas e não paralisando pela insegurança ou pelo medo? A resposta está em uma série de atitudes que podem começar a fazer parte da vida pessoal e da vida profissional.
Augusto Cury alerta: “Não é fácil resolver completamente a ansiedade decorrente da Síndrome do Pensamento Acelerado diante de uma sociedade tão estressante, rápida e agitada. Mas, se não for possível eliminá-la, precisamos e devemos gerenciá-la. Nosso futuro emocional, social e profissional pode estar intimamente ligado ao nosso êxito nessa empreitada”.
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Autoconhecimento para controlar a mente
O que me aflige neste momento é realmente um problema meu ou é algo que não está ao meu alcance? Buscar entender os sentimentos para gerenciar emoções e construir a capacidade de desacelerar os pensamentos está entre as formas de controlar a ansiedade.
Nem sempre as coisas saem da forma como são planejadas, mas é necessário entender que é possível adaptar-se ao novo. Só um pensamento livre, otimista e criativo torna uma pessoa resiliente – e a resiliência traz a capacidade de aprender com o erro, crescer com as adversidades.
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Sofrer por antecedência é desnecessário
Um dos principais sintomas da ansiedade é o medo exagerado, seja por questões financeiras, de saúde ou familiares. Porém, pensar muito em algo que faz parte do futuro impede que pequenas ações sejam tomadas no presente.
O medo paralisa e o foco no problema dificulta que a mente seja usada para encontrar soluções criativas. Pensa-se apenas em como será quando não der certo, quando, na verdade, é preciso pensar o que é necessário ser feito para que dê certo.
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O que realmente importa
Muitas vezes a cobrança realizada pela sociedade é desproporcional. Pergunte-se: “Eu preciso postar minha vida inteira nas redes sociais para manter amigos e me preocupar com a quantidade de likes?”, “Eu preciso saber de tudo que acontece no mundo no momento que acontece?”, “Eu preciso ir naquele lugar só porque todo mundo vai?”.
Entender o que realmente importa e o que não passa de um capricho da sociedade digitalizada, acelerada e superficial, é uma forma de respeito com os limites da própria mente. Por que forçá-la sem que haja uma necessidade real? O nosso cérebro também precisa de descanso.
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Renovar a mente
A higiene mental é considerada por Augusto Cury uma prática tão ou mais importante do que a higiene pessoal. Para isso, o psiquiatra indica a técnica do DCD: duvidar, criticar, decidir.
Duvidar é fundamental para superar o medo, a ansiedade, a insegurança ou o que for. Para a filosofia, a dúvida é o princípio da sabedoria. Já a crítica aparece como o alicerce da sabedoria. É preciso criticar a própria mente, as emoções e as atitudes para ter autoconhecimento. Por fim, a decisão permite que as metas sejam concluídas.
Essa técnica pode ser usada diariamente, várias vezes ao dia, sempre na sequência de duvidar, criticar e decidir. É um exercício para a mente que precisa ser libertada.
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Tempo para desacelerar
Nem tudo é trabalho e não é sempre que a mente precisa estar ocupada. Incluir na rotina momentos de descontração, relaxamento e divertimento é essencial. Essa percepção aumentou durante a pandemia, quando além da mente presa nos pensamentos acelerados, o corpo físico também ficou isolado. Não à toa, em 2021, práticas como yoga e caminhada dobraram.
A valorização do tempo de qualidade com família e amigos, bem como a adoção do smart work em detrimento do hard work também ganharam espaço. Busca-se mais qualidade de vida e de trabalho para que a saúde mental esteja em dia.
Nesse sentido, os coworkings estão ganhando cada vez mais adeptos. Esses espaços de trabalho compartilhados permitem que o foco seja apenas nas atividades essenciais para os resultados dos negócios, retirando preocupações como administração de escritório e pagamento de contas. Além disso, possuem espaços de descontração para quando o trabalho estiver estressante demais. Nada como se levantar, tomar um café, conversar e voltar ao trabalho com uma mente mais leve.
Quer dar o primeiro passo para gerenciar a ansiedade e melhorar a saúde mental? Conheça a Mango Tree, um coworking no centro de São Paulo, e faça parte dessa nova forma de trabalho: descomplicada.