Vivemos em um mundo volátil, repleto de acontecimentos imprevisíveis, que dominam a nossa existência e podem mudar a realidade de um dia para o outro – vide a pandemia que ainda vivemos. Essa essência dá origem a um novo conceito da incerteza, que a torna desejável e até mesmo necessária. A proposta é de Nassim Nicholas Taleb, no livro Antifrágil.
Considerada como uma das soft skills mais relevantes no atual mundo corporativo, a antifragilidade é discutida e explorada em diferentes vertentes e contextos. Segundo o autor, os profissionais que desenvolvem essa habilidade enxergam a modernidade e seus desafios com uma perspectiva diferente.
O que Taleb ensina e chama de Antifrágil não apenas se beneficia do caos, como precisa dele para sobreviver e florescer. A pandemia da Covid-19 chocou o mundo, estabeleceu o caos social e fez com que pessoas e organizações se reinventassem. Foi nesse cenário disruptivo que a antifragilidade fez toda a diferença.
O que significa antifragilidade?
Segundo Taleb: “A antifragilidade não se resume à resiliência ou à robustez. O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor”.
Assim, a antifragilidade é uma característica que se manifesta de formas diferentes e está por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução, a cultura, as ideias, as revoluções, os sistemas políticos, a inovação tecnológica, o sucesso cultural e econômico, a sobrevivência das empresas, o surgimento de cidades e culturas, os sistemas jurídicos, entre outras coisas.
O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, e vai um pouco mais além, valorizando até mesmo certos tipos de erros. E, ainda, tem uma propriedade única que capacita as pessoas para lidarem com o desconhecido e fazerem bem coisas que nem sempre compreendem.
O que torna uma pessoa ou uma empresa antifrágil?
Ser antifrágil está diretamente ligado a capacidade de ver nas adversidades oportunidades para crescer, tomar impulso, tornar-se mais potente. É ser capaz de viver bem e operar em um mundo cada vez mais volátil e incerto.
Empresas e organizações antifrágeis não são apenas robustas, mas são aquelas que se tornam mais fortes em períodos de profundas transformações e pressão. São negócios que prosperam até mesmo em contextos aleatórios, desordenados ou em situações que envolvam dúvidas.
Assim como as empresas, são pessoas capazes de superar problemas e enfrentar as mais diversas situações, mesmo que não possam prevê-las. Por isso, estão sempre preparadas para o acaso e prontas para agir da melhor forma possível. Jamais se deixam abater diante do imprevisível.
Como ser antifrágil?
Empresas que aplicam o conceito de antifragilidade constroem negócios diversificados e sinérgicos. Além disso, valorizam e estimulam a adaptabilidade de seus colaboradores, ao promoverem uma cultura de experimentação. A ideia é otimizar o presente sem perder o olhar estratégico e atento ao futuro.
Planejar a antifragilidade significa aplicar os conceitos da antifragilidade a produtos, modelo de negócios e conexão com o consumidor para que estes se tornem mais fortes em face à desordem.
No período em que o mundo sofreu com o choque da crise pandêmica, com o isolamento social, aqueles que seguiram o caminho da antifragilidade, preparando-se para bater de frente com os desafios nesse período de estresse, foram capazes de superá-los de forma intencional e criativa.
Como exemplo, podemos citar os coworkings e a forma como se adaptaram com criatividade, resiliência, persistência e coragem para enfrentar os novos modelos e regras do mercado corporativo e as novas formas de trabalho em home office, trazendo escritórios virtuais e espaços compartilhados.
Essas empresas foram além da resiliência, elas usaram a adaptabilidade e se diferenciaram daquelas que meramente se recuperaram do choque, ou seja, aprenderam e crescerem com as adversidades.
Um olhar diferente para o problema
“A antifragilidade não é só um antídoto para lidar com esses eventos aleatórios. Compreendê-la nos torna menos temerosos de aceitar o papel dos cisnes negros como necessários para a história, a tecnologia e o conhecimento.” Nassim Taleb.
O cisne negro é outro conceito criado por Taleb e que pode ser considerado como um momento de crise ou evento de extrema raridade, positivo ou negativo, mas ambos de grande impacto na economia nacional ou global, bem como na sociedade como um todo.
Esses eventos são praticamente impossíveis de serem previstos, episódios impensáveis e, a partir daí, Taleb desenvolve a ideia de que é necessário construir “coisas” e treinar pessoas para serem mais resistentes ao imponderável, de tal modo que sejam antifrágeis.
Enfim, no mundo de hoje não dá para ser um grande líder ou um bom empreendedor sem ter a capacidade de compreender o mundo, suas rápidas mudanças e saber agir de forma rápida e inteligente. Em outras palavras, o conceito e as características da antifragilidade tornam-se essenciais.