Nós estamos confinados há muitos anos. Mas, antes de mais nada, acredito que seja importante que resgatemos o significado da palavra confinamento:
Substantivo masculino
- ato ou efeito de confinar(-se).
- clausura, isolamento.
Como empreendedor da área de experiências de aprendizagem, de coworking e professor de pós-graduação, tenho me deparado com muitas coisas nos últimos anos que tem me deixado reflexivo e preocupado. A loucura do dia a dia, fez com que a maioria das pessoas não cuidasse das coisas mais importantes da vida, ou seja, de si próprio.
O Brasil, antes da pandemia, já era um dos principais países em número de pessoas com depressão, além de ser um dos maiores em termos de suicídios. Tenho discernimento da complexidade das variáveis que envolvem essas questões e não tenho o conhecimento nem a pretensão de explicitar todos os motivos, mas em sala de aula, consultorias ou mesmo em algumas conversas com amigos, fica nítido a carência das pessoas sobre momentos de carinho ou simplesmente empatia para se conectar com o coração os sentimentos/medos/dilemas das pessoas sem julgá-los. Um simples ato de escuta genuína, às vezes, faz com que as pessoas tirem as suas máscaras que as “protegem” e comecem a chorar de soluçar.
Mas porque temos sentido desconfortos, ansiedade, medos e outros dilemas da vida com tanta força nos últimos anos? Na minha visão é porque estamos confinados há muitos anos em nossos paradigmas e crenças limitantes nos deixando envolver em uma sociedade que prioriza o consumo e as aparências,vivendo assim em uma matrix, ou seja, em um mundo não real. O ego começou a comandar o nosso jeito de agir. Com o advento desse mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) estar na MATRIX começou a ficar muito difícil. O confronto entre o mundo real e o fictício começou a ficar cada vez mais em evidência, em virtude disso a ampliação do desconforto; pois começamos a perceber que isso não se sustenta como forma de vida.
Sem a pretensão de julgar, mas com o intuito de ampliar a sua reflexão, trago algumas questões que podem sinalizar o seu grau de confinamento com suas crenças e paradigmas. E desde já, informo que alguns desses dilemas eu não consegui ainda resolver, mas tenho pleno discernimento que existem, ou seja, na minha lógica, já é uma grande evolução. Vamos lá:
- As coisas importantes na sua vida são àquelas onde você tem alocado energia a maior parte de seu tempo?
- O emprego que você tem é aquele que você gostaria de ter?
- Você tem deixado a vida te levar ou tem levado a vida?
- Perdeu alguém na sua vida que fez você pensar que poderia ter convivido mais com essa pessoa se tivesse tempo?
- Aquele momento só seu, como por exemplo: andar de bicicleta, ir à academia, ler um livro ou ver um filme, é algo que você tem conseguido pôr em prática constantemente?
- Você tem procurado dialogar ou simplesmente tenta impor o seu ponto de vista, tendo um pensamento confinado?
- Você tem procurado traçar as suas metas e procura executá-las com persistência? Ou não tem conseguido devido à loucura do seu dia a dia e devido a isso nem define meta?
- Você tem periodicamente reunido os seus grandes amigos para jogar conversa fora?
- As pessoas que você ama tem recebido a atenção necessária?
- Existe alguma viagem que há muito tempo você tem vontade de realizar, mas que você nunca prioriza isso em sua vida?
- Você tem conversado com sua família ou amigos mais por WhatsApp do que por telefone ou presencialmente?
Uma das primeiras reações da mente quando seu paradigma ou crença é confrontado é o de arrumar rapidamente “desculpas verdadeiras” do porquê você não faz isso. E saibam, essas desculpas, na maioria dos casos, são reais. Façamos o seguinte, eleja alguns dos dilemas que você gostaria de resolver acima ou escreva algum que lhe incomoda. Depois disso reflita: De 0 a 10, o quanto esse dilema te incomoda? Se a pontuação que você se deu é alta, a pergunta é: O que você vai fazer sobre isso? Se você não se movimentar contra a sua crença de não resolver ou no mínimo minimizar isso, pergunte a você: Você realmente quer resolver isso? Esse simples exercício não é fácil, pois volto a falar que a sua mente trará uma série de “desculpas verdadeiras”.
Deixe-me exemplificar, sabe aquele livro que você sempre falou que se tivesse tempo você leria? E aquele filme? Pois é, muitas pessoas nesse momento de pandemia, tem esse tempo e não fizeram isso. Ou seja, você realmente quer fazer?
A maioria das pessoas estão sobrevivendo e não vivendo, porque viver significa enfrentar os seus dilemas e não se confinar (isolar) no seu mundo comandado pelo ego.
Sejamos mais solidários conosco e a partir disso irradiemos solidariedade e amor ao mundo. Estamos precisando de mais amor!
Nós estamos confinados há muitos anos
Nós estamos confinados há muitos anos