O mercado está lotado de cursos de empreendedorismo que prometem ensinar desde teorias até a mentalidade que um empresário de sucesso deve ter. Porém, importantes skills para a prática são conquistadas apenas no dia a dia. Principalmente quando se trata de um ambiente cada vez mais competitivo, onde se exige bastante “jogo de cintura”. Sabendo disso, elencamos aprendizados de empreendedores bem-sucedidos do centro de São Paulo que podem te ajudar a tomar decisões cotidianas.
Mas, antes de Marcone Moraes, responsável pela Galeria do Rock, Fabio Redondo, dono da rede Buenas Hotéis, Rodrigo Alves, proprietário do Ponto Chic, e Carlos Beutel, fundador do restaurante Apfel, hoje com duas unidades, compartilharem conhecimento, vale ficar de olho em alguns dados do mercado. Em 2021, mais de 3,9 milhões de micro e pequenas empresas foram abertas, segundo o Sebrae. Além disso, o Relatório Monitor de Empreendedorismo Global estima que até 2023, 50 milhões de brasileiros que não empreendiam farão planos para abrir o próprio negócio.
O cenário passa uma mensagem principal: com tanta gente empreendendo, é preciso fazer algo de especial para se destacar. Confira o que empreendedores de longa data aconselham.
Aprendizados de empreendedores do centro de São Paulo
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Busque a técnica
Há quem diga que o empreendedorismo precisa estar no sangue, mas Rodrigo Alves, que vem de uma família empreendedora e convive com os desafios dos negócios desde pequeno, garante que o principal é a técnica.
“O empreendedorismo está ao alcance de todos e tem técnica para fazer, não é só o feeling ou o aprendizados de empreendedores. Eu sou sucessor, o Ponto Chic é uma empresa que já tem 100 anos, mas para que eu pudesse assumi-la, viver esse mundo, foi uma jornada. Tem que estudar, se preparar e se permitir passar por muitas experiências”, afirma Rodrigo.
Mas de nada adianta ter a técnica se não colocá-la em prática. “Planeje o máximo que puder, mas comece. Um empreendedor só vai saber a verdade quando estiver dentro dela, de fora é difícil reconhecê-la”, diz Marcone Moraes, um dos responsáveis pela Galeria do Rock.
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Saiba ser independente e humilde
A persistência faz parte da vida do empreendedor e só depende dele mesmo para existir. “Não é fácil empreender, principalmente no Brasil, onde o mercado é burocrático e hostil ao investimento. Mas o mais importante que o aprendizados de empreendedores cria é a independência, você só depende das suas qualidades, da sua inteligência, do seu esforço e da sua dedicação. É um caminho difícil, mas é digno e prazeroso para as conquistas pessoais”, diz Fabio Redondo, que comanda a rede Buenas Hotéis.
O empresário ainda afirma que é preciso ter humildade para não achar que sabe tudo e evitar que o ego tome as decisões equivocadas, além de conseguir aceitar o fracasso. “As falhas acontecem, a gente tropeça, enfrenta dificuldades, e tem que dar um cavalo de pau para outra direção, as coisas são muito dinâmicas e não dá para ficar agarrado a uma ideia”, diz.
A questão é buscar sempre o aprendizados de empreendedores, entender por que errou ou por que acertou e levar o novo conhecimento para as próximas etapas do negócio. Um dia de cada vez, como afirma Carlos Beutel: “Tenho um restaurante vegetariano e o vegetarianismo prega por usar frutas, legumes e verduras disponíveis na época. O segredo é viver com o que você tem na mão. É preciso ter foco no que está fazendo e perseverar”.
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Identifique inovações que façam sentido
A transformação digital acelerou as mudanças de todos os setores do mercado, que promoveram uma corrida para a digitalização. Porém, antes de aderir a uma nova tecnologia que promete mudar paradigmas, é preciso saber se aquela solução atende ao negócio e às necessidades dos consumidores. Essa é mais um dos aprendizados de empreendedores do centro de São Paulo.
“A quantidade de informações e soluções disponíveis hoje em dia acabam se tornando uma dificuldade. Tem muita coisa legal e muita coisa que não tem nada a ver. Com o tempo eu consegui entender os valores do meu negócio e os fatores-chave do sucesso. Isso acabou se tornando uma bússola para saber para onde vou”, explica Rodrigo Alves.
Fabio Redondo, proprietário de 7 hotéis no centro de São Paulo, dá um exemplo na prática: “O mercado hoteleiro é tradicional e assimila tecnologias com muita dificuldade, principalmente no nicho econômico e supereconômico que é o que eu trabalho. Eu acompanho as evoluções e sei que já existem sistemas de automação de check-in, reconhecimento facial, mas para o meu negócio isso ainda não é uma realidade. É muito incipiente e não existe uma razão para implantar”.
Já Marcone Moraes, da Galeria do Rock, traz outro ponto de vista: “Acredito que se uma empresa segue muito as tendências, ela não vai conseguir ganhar dinheiro ou vai ganhar apenas por um momento. O caminho é estar convicto do que está fazendo e continuar buscando meios para exercer tal convicção. Não se pode nortear pelas tendências”.
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Faça benchmarking com outros mercados
O mundo está cada vez mais dinâmico e o consumidor compara a experiência que teve no e-commerce com a da farmácia da esquina. Por isso, estar antenado às tendências significa entender o que acontece no mercado mundial e até em outros setores.
Tal expertise ajudou Fabio Redondo a perceber a importância das vendas de estadia online quando isso ainda era algo muito novo no Brasil. “Em 2004 o mercado hoteleiro estava difícil de trabalhar e eu fui fazer benchmarking, pesquisar o que estava acontecendo no mundo e em outros setores. Fui entender o que era adwords e como fazia os anúncios, porque antes os sites eram canais de propaganda, não de venda. Logo em seguida o Booking chegou no país e eu fui um dos primeiros a aderir ao serviço, enquanto os concorrentes continuavam usando agências de viagens”, conta.
“Percebendo tudo isso, comecei a investir em soluções mais voltadas para sistemas, principalmente no back office, na parte administrativa. Passei a ter um sistema integrado com as vendas online e a gerenciar tudo de um só lugar, sem ter que fazer os procedimentos manualmente. Com isso trabalhamos cerca de 3 anos à frente da concorrência e enquanto eles se esforçavam para vender, a gente estava com todos os quartos ocupados”, completa.
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Escute o cliente
Rodrigo Alves e Carlos Beutel concordam que pontos básicos para se ter sucesso é tratar bem o cliente e estar disposto a ouvir o que ele tem a dizer. No caso do Ponto Chic, inclusive, essa prática trouxe o cargo chefe do restaurante para o cardápio: o bauru, receita fornecida por um cliente do restaurante.
“A nossa hospitalidade é a nossa tradição. Quem somos nós para não escutar o cliente, para não alterar o pedido? Estamos sempre acompanhando o que o cliente nos diz, no balcão para o garçom e nos canais digitais que ele consegue entrar em contato para nos acionar ou avaliar. Eu sempre recebo essas informações e por isso consigo saber se está acontecendo algo de errado e se preciso agir”, afirma Rodrigo.
O dono do Ponto Chic ainda dá um exemplo na prática: “O bauru de rosbife é sempre servido frio, mas alguns clientes reclamavam que o lanche não estava quente. Então, para evitar qualquer problema, hoje no cardápio vem escrito que o rosbife é frio. Nos canais digitais é uma opção obrigatória o cliente dizer se quer o rosbife frio ou quente. Ouvindo o cliente nós ajustamos a jornada e deixamos a comunicação clara porque essa é nossa obrigação”.
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E o último aprendizado de empreendedores: faça parcerias
A dinâmica do mercado atual exige manter contatos, alimentar networking e buscar parcerias entre empresas para ter sucesso nos negócios. Fabio Redondo explica: “Às vezes os nossos problemas são os mesmos dos outros, as vezes um concorrente pode ser um colaborador para que ambos os negócios cresçam. Por isso, encontre parceiros, não apenas sócios, mas pessoas que podem colaborar com o seu negócio e que cresçam e te ajudem a crescer junto. Nunca se isole, é possível crescer em conjunto”.
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Dica bônus: instale-se no centro de São Paulo
Amante do centro de São Paulo e figura importe na luta pela segurança e preservação da região, Carlos Beutel indica que todo novo empreendedor se instale por ali. O local é onde estão instalados há décadas os dois restaurantes vegetarianos de sucesso do empreendedor.
“O centro tem um ótimo serviço de transporte, tem grande oferta dos mais diversos serviços e os aluguéis são mais baratos. Sem contar que é um espaço emblemático, significativo e belo. As empresas que estão aqui hoje trabalham para torna-lo um espaço unificador, diverso” e aprendizados de empreendedores, afirma Beutel.
Aliás, há um grande movimento no sentido de tornar o centro histórico mais humano e acolhedor: a Associação Pró-centro, da qual Marcone Moraes, da Galeria do Rock, é presidente. A proposta é focar em temas importante como desenvolvimento social, intervenções urbanísticas e desburocratização para auxiliar na construção de soluções para problemas da região.
“O Centro atraí quase 1,5 milhão de pessoas todos os dias. O que a gente quer é organizar melhor as políticas públicas e privadas para que a gente consiga melhorar o Centro que a gente já tem, e aí sim conseguir comunicar que a região é segura e agradável”, diz Marcone.
Para Carlos Beutel, fazer parte dessa reconstrução é motivo de orgulho. “Por isso, diria para os empreendedores que se for possível se instalar no centro da cidade, que o façam”, indica.
Uma forma de começar a colocar em prática as dicas elencadas a partir do aprendizado de empreendedores bem-sucedidos é fazer parte da Mango Tree. O coworking localizado no centro de São Paulo reúne empresas de diferentes setores da economia e incentiva trocas, bem como parcerias entre elas. Está esperando o que? Marque uma visita e venha nos conhecer.